O Despertar

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Entreabriu os olhos e viu pequenas bolhas a sua frente junto a uma mexa escura de cabelo, não sentiu a própria respiração e seu corpo parecia ter se acostumado a estranha forma que o oxigênio entrava por sua pele. Fechou os olhos novamente, sem entender se quer uma linha do próprio pensamento.

Era possível ouvir todo o barulho do laboratório, apesar de todo o líquido verde claro que a envolvia. Não era possível ver muito ao longe, tudo parecia destruído e a luz não ia muito distante de sua redoma. Deixou-se flutuar mais alguns minutos dentro do tubo, até abrir os olhos e, sem saber o motivo da fúria, dar um soco no vidro que a prendia. Cerrou os dentes e deu um soco com uma força maior, ainda sim era inútil.

Balançou a cabeça freneticamente, uma flash de cena atravessou sua mente e viu miltank gritar de dor. Era aquilo uma memória? Seu coração bateu dolorosamente e mesmo com seu esforço, não lembrou-se do acontecimento seguinte.

Desesperou-se e sentiu uma claustrofobia desconhecida. Um som de explosão cruzou todo o ambiente, a porta havia sido derrubada e um rapaz entrou no breu da sala seguido de um Charizard, com a pele tão vermelha quanto o fogo em sua cauda. Seu grito fez com que ela estremecesse, pois fora mais alto que o baque da porta.
A garota socou o vidro, fazendo um pequeno som. Entretanto, a ação era desnecessária tendo em visto que seu recipiente brilhava.

O rapaz aproximou-se e ela sentiu um frio percorrer a espinha. Ele baixou o olhar para o painel de controle que brilhava fracamente em azul, quase sem energia, e apertou alguns botões. Charizard virou-se lançando um flametrower em um inimigo que a menina não conseguia ver de sua posição. As bolhas se intensificaram e ela sentiu uma forte pressão em seu corpo.

Gritou de dor, apesar de sua voz ter sido abafada pelo líquido. A cápsula abriu e seu corpo lançou-se para fora, indo sem vontade em direção ao chão. O rapaz a segurou e virou-a para cima, a pele da garota estava pálida pela falta de sol e gelada como a de um ser sem vida. Despiu o casaco e, sem ousar descer os olhos pelo corpo femino, a enrolou nele. O líquido foi cuspido de seus pulmões seguidos de uma forte tosse e o metabolismo forçou-se a respirar, causando uma sensação horrível de ar gélido infectando seus bronquíolos.

- Charizard,... - Ela pode ouvir uma voz baixa e suave sair dos lábios do rapaz.

Ela tinha inúmeras perguntas, mas se quer conseguia ouvir o comando que o rapaz dera ao pokémon. Sentia-se mal e enjoada, tudo parecia girar. Sua visão embaçou-se novamente e a mente fez com que o corpo parasse de sentir dor, desacordando-a logo após sentir um cheiro forte de pétalas. Sua voz finalmente saiu, murmurando: "petal dance".



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