Acompanharam os passos que se aproximavam, Paty prendeu a respiração e fez um movimento para o pokémon preparar-se para capturar o alvo, apontando em direção aos passos. Refletiu e cruzou os braços, formando um x, sinalizando para cancelar o ataque. Abriu a palma, dizendo para que ele aguardasse onde estava. Silenciosamente, aproximou-se da parede e andou em direção a quem vinha.
- Flametrower em direção às costas - Disse enquanto arremessava a pokebola de Charizard, liberando-o novamente.
O pokémon lançou um poderoso ataque de fogo em direção ao seu alvo. A alta claridade, apesar de breve, gerada pelo move na caverna deixou que Paty visse seu oponente e, graças a sua posição nas sombras, não foi identificada. Entretanto, graças ao seu 1,70cm de altura, seria possível vê-lo à fraca luz. Observou a pele morena pela sua nuca, a parte de trás de sua calça jeans estava rasgada na altura da coxa e a camiseta preta suja de limo das rochas, a barba estava por fazer e os caracóis de seus cachos pretos estavam bagunçados.
Apesar da surpresa do ataque, velozmente o rapaz rolou para frente e desviou, o que foi uma surpresa devido ao largo peitoral dar a impressão de pouca agilidade. Virou-se para trás, procurando quem coordenava Charizard e liberou um Houndoom.
Um pokémon fire / dark havia sido colocado em campo e tinha vantagem apesar da calda de Charizard fazer alguma luz. A chuva forte não dava brechas à lua e o breu ajudaria a escondê-lo. Sem falar que uma das habilidades desse Houndoom poderia ser o aumento de seu ataque.
- Continue o ataque no alvo, Charizard! - Disse ela, entregando sua localização com a voz, mas ainda sem que o rapaz pudesse vê-la atrás do grande Charizard. Mais uma vez o rapaz desviou.
- Infernus, Faint Atack! - A grossa e leve rouca voz do rapaz chegou até Paty e ela sabia que Charizard Seria acerto em cheio e que se quer tinha condições de ganhar uma luta a qual não sabia todos os ataques de seus aliados, entretanto ela não estava ali para lutar.
- Ele está em seu alcance, pegue-o! - Disse ela em um tom mais alto e Charizard foi pego dentro do ataque noturno.
- ? - Por um momento sentiu-se confuso, pois não estava ao seu alcance ou de seu pokémon. Um frio percorreu sua espinha e estalou os olhos, não havia sido rápido o suficiente para escapar de fortes cordas em torno de seu corpo. - Gh... - Debateu-se, sendo erguido.
- Por favor, identifique-se! - Ela olhou para Houndoom que rosnava ferozmente, aguardando uma nova ordem, enquanto Charizard levantava-se irritado.
- Hm... - Ele analisou a situação, assim como a garota. - Não sou eu quem você procura. - Respondeu, com um leve tom de desinteresse nela
- Heh? - Ela parou por um momento - Isso não responde minha pergunta.
Ele deu de ombros, mas é claro que entendia que não significa que ela deveria confiar nele. Era óbvio que ela aguardava por alguém alí e nada na aparência dela fazia sentido, principalmente as largas roupas masculinas e o meigo olhar perdido. Entretanto, sua própria reação à luta fora imediata o que com certeza demonstrava ser um lutador experiente. Mirou mais uma vez os olhos nela, dessa vez mostrando-se sem paciência e até mesmo intimidá-la.
- Saia daqui de uma vez por todas. - A voz saiu ríspida como o esperado.
- Não posso sair. - Ela virou levemente o rosto para o lado, confusa - Não vai me dizer seu nome?
- Que irritante! Kino - Por fim revelou, antes que aquilo tornasse infindável - Vá saltirar longe daqui.
- Entendo, então é Kino..-san. - Ela o analisou brevemente e fez um movimento para Ivysaur liberá-lo. - Né... Obrigada por se importar comigo! - Ela abriu um largo sorriso - Desculpe por tê-lo atacado!
- ... - Sentiu-se sem reação. Que diabos àquela fofa criatura fazia alí? Franziu o cenho e olhou para Houndoom que se cansara de encarar Charizard e agora prestava atenção na conversa sem nada entender.
- Infelizmente não posso partir ainda. Procuro algo... - Disse a garota e olhou de Ivysaur para Charizard - Diga-me... O que tem para o fundo da caverna?
- Ah... - Suspirou e levou a mão ao rosto. Queria dizer "Não te interessa" e é o que normalmente faria, mas a garota com certeza entraria de qualquer jeito - Não dá para descrever, mas com certeza não é algo pra você - Sinceramente, era impossível explicar para um estranho que ele se quer sabia se estava envolvido ou não.
- Você parece estar frustrado com algo... E deve ter saído de algum lugar. Isso significa que há uma entrada dentro dessa caverna e o que quer que vc tenha achado lá dentro não era o que você procurava - Disse, talvez sendo franca sobre seu conhecimento ele a ajudaria. Pausou e ele lhe devolveu silêncio - Ou você não conseguiu resolvê-lo - Ele estalou os olhos, mas ainda mantendo o semblante fechado. Entretanto, ela já havia percebido que estava certa - Pode me ajudar, por favor?
- Você não faz idéia do que está fazendo - Respondeu o rapaz, mostrando melhor seus olhos negros ao aproximar-se da luz de Charizard, indo em direção a garota. Surpreendeu-se que alguém pudesse pedir ajuda a um estranho sem qualquer medo de rejeição ou mesmo de ser traída no percurso. Não havia feito nada para indicar que era uma boa pessoa e, sinceramente, talvez não fosse mesmo.
- Entendo... - Ela sorriu mais uma vez - E desculpe novamente, faça uma boa viagem. - Ela retornou seus pokémons, na verdade os de Shinrikyo, e deu as costas para ele, caminhando em direção ao fundo da caverna.
Outro suspiro foi lançado ao ar e o rapaz viu-se indo atrás dela. Nada disse a garota, ou ele.
Uma luz foi acesa logo atrás dela, era uma lanterna e ela reduziu o passo, deixando que o rapaz tomasse a frente e a guiasse caverna a dentro.
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Apesar de sua terrível noção de tempo, Paty imaginou que já deveria estar amanhecendo fora daquelas úmidas paredes e do silêncio ensurdecedor. Agora era possível ver mais detalhadamente a roupa surrada do jovem e imaginou a quanto tempo estava em sua jornada por aquelas bandas, assim como Shin-kun, como passara a chamá-lo mentalmente. Mordeu o lábio inferior, sentindo-se culpada pelo tempo que passou aprisionada, apesar de não saber quanto tempo havia se passado. Observou os cachos movendo-se no ritmo em que marchavam e segurou o impeto de puxar uma mechinha negra.
Kino olhou para ela e colocou o dedo indicador sob o lábio, em sinal de silêncio. Sua única fonte de luz foi apagada e a escuridão tomou posse de cada canto de sua visão. Ficaram parados até seus olhos acostumarem a ponto de conseguirem enxergar um leve brilho azul ao fundo.
- Heh? Ah... - Ela tapou a boca com as duas mãos.
- Shh... - Pediu ele novamente.
Avançaram o mais silencioso possível. Paty o seguia e não entendeu o motivo de darem a volta em uma enorme pilastra de pedra que dividia o caminho e dava no mesmo ponto.
- O que...? - Engasgou observando a enorme esfera com grandes faíscas azuis, com certeza elétrica. Não foi necessário uma resposta, olhou para o centro da esfera. - Aquilo é...!
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